PARTE UM
Manhã chuvosa de sábado. Hoje é o primeiro dia chuvoso de muitos que virão, pelo menos, assim espero.É dezembro, o mês da nostalgia. Época onde vejo dezenas de pessoas sorridentes com planos natalinos e sacolas de presentes nas mãos. E eu? Apenas com esse peso característico no peito, absorta em lembranças e antigos sentimentos, que insistem em me assombrar.
Olho para a janela: lá fora, grossos pingos de chuva acompanhados de potentes trovões. Me perco por um instante nas gotas que escorrem pelo vidro. Parecem... lágrimas.
Pego a escova de dentes e faço minha higiene diária. Me olho no espelho e vejo grandes bolças abaixo dos meus olhos; estão inchados, resultado de chorar horas a fio durante a noite.
Cadenciados raios iluminam o banheiro pequeno e cinzento. Um barulho na porta me chama a atenção. É ele, eu sei. Por reflexo defensivo, permito que meus olhos se acendam, rubros feito brasas espectrais na escuridão do cômodo, faço com que meus caninos brotem, prontos para atacar.
Uma explosão repentina indica que meu oponente estourou a porta que dava acesso a sala. É hora de agir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário