segunda-feira, 16 de abril de 2012

Relato meu, escrito em algum dia de 2011.

   O despertar

   Eram 6h30 da manhã, e meu celular - um Nokia X3 - estava sem bateria, apitando estridentemente para ser recarregado. Acordei com esse barulho mas fiquei deitada, sonolenta, prestes a dormir de novo. Por infelicidade, fui intercedida por minha mãe, que veio me despertar com um forte bater de palmas e alguns sacolejos desesperados - aqueles de mãe preocupada para que o filho não se atrase na escola. Enfim sentei, procurei os sapatos por debaixo da cama, e acabei colocando os tênis errados por ainda estar totalmente lesada de sono.
  Finalmente me levantei, fui até meu guarda-roupa cor marfim - esses que vem ligados à cama cobrindo uma só parte do quarto, impossibilitando de ser removido - peguei meu uniforme de tom azul royal, vesti-o e fui para o banheiro fazer minha higiene diária. 
  Ainda sonolenta, fechei meus olhos por uns instantes, envergando inconscientemente meu corpo alguns centímetros para frente e para trás feito um joão-bobo, prestes a se espatifar por completo no chão. Mas antes de isso acontecer, como num flash de fotografia, a imagem do Eduardo - sim, ele ainda - se materializou em minha mente, nítida e vivamente. E antes de desmaiar de sono, despertei com o medo de bater a cara na pia. 
  - Tchau tatá! - gritou minha mãe ao passar pelo corredor que dá acesso ao banheiro no qual eu estava - To indo trabalhar!
  "Tchau mãe", eu disse mentalmente, incapaz de produzir algum som sequer pelo torpor que ainda estava em mim. 
   Joguei água fria em meu rosto pra despertar, e em seguida fui pentear meu cabelo. Ainda lutando com o pente, a figura de meu pai apareceu na porta, me fuzilando com os olhos:
   - Caramba tatá, a gente ta atrasado! 
   - Mas que horas são?
   - Já é hora de estar saindo.
   - Ahn... ok, me espera na porta, já to acabando.
  Era mentira. Ainda faltava muito pra terminar, e meu cabelo estava mais embolado do que novelo de lã. Para ganhar tempo eu desisti de tentar desembaraçá-lo e apenas fiz um grande rabo-de-cavalo, totalmente embaraçado.
  Ao sair do banheiro, vi meu pai brincando com o Áttila - meu pequeno cachorro Cocker Spaniel - tão descontraído, que por um instante esqueci que estávamos completamente atrasados e fiquei observando aquela singela cena.
   - Ta esperando o que?! - esbravejou meu pai, fazendo com que eu acordasse dos meus devaneios.
   - Nada, já vamos, vou só pegar minhas coisas.
    Corri inabalada pro meu quarto, peguei minha mochila e meu celular e retornei nesse mesmo ritmo para cozinha, para pegar um pão com queijo e uma caixinha de Toddynho. Nesse instante que parei para comer, meus pensamentos percorreram mundos até chegarem no Eduardo novamente, me fazendo imaginar certas situações vividas, conversas de amigos e a preocupação que tinha ao tornar a falar com ele. Notando o rumo que minha imaginação havia tomado, revirei os olhos impaciente, me sentindo a pessoa mais idiota do mundo por estar tão apaixonada daquele jeito por alguém que julgava não valer um centavo.

   Enfim, terminei de comer e fui para a garagem. A porta atrás de mim bateu, e eu a ouvi sendo trancada. Entramos no carro: finalmente meu pai e eu estávamos indo pra escola.  
    

  A trajetória
  - Aff, devia ser proibido parar carro aqui. Quando a gente quer passar não pode! - exclamou meu pai, ao notar carros estacionados inconvenientemente num trecho de uma avenida, impedindo a passagem dos carros. - Olha isso, esse ônibus maldito ocupa as duas faixas e não da pra ultrapassar!!
  

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